quarta-feira, 30 de abril de 2008

You will always walk alone

Já aviso logo de cara que para alguns este texto pode parecer um tanto quanto aquém do estilo leve e bem-humorado característico da grande maioria dos trabalhos reunidos neste diário virtual. O que me levou ao tema sobre o qual discorrerei são as divagações (sempre as divagações...) às quais fui induzido após ler a frase que serviu de base para a elaboração de uma intervenção humorística por parte de meu colega Reggio Tartufo em 28 de abril último (aos que não a leram, recomendo que o façam agora – ao menos para entrar em contato com a frase [em língua estrangeira, diga-se de passagem] em questão, uma vez que a publicação de hoje não está diretamente relacionada com aquela).

Começo o texto propriamente dito dizendo que as reflexões que apresentarei não surgiram apenas de minha própria mente, é claro – são o fruto da digestão e da apropriação de idéias já apresentadas por grandes escritores e filósofos do passado, dentre os quais cabe citar Aldous Huxley, Jorge Luis Borges, G. K. Chesterton e George Berkeley.

Este texto se propõe a ser uma refutação do lema do Clube de Futebol Piscina do Fígado (vulgo Liverpool Football Club), como já demonstra a versão negatória do supracitado lema que nomeia esta publicação. É claro que o inspirador lema original passa uma idéia animadora de união e companheirismo (que, quando forçado, cria a situação que levou o saudoso Tartuffo a tecer uma ácida crítica à sociedade de consumo); mas não passaria o companheirismo de um laço ilusório? É possível criar uma ponte autêntica com um outro ser humano?

Na minha opinião – e na dos grandes pensadores já citados – a resposta é: provavelmente não. Qualquer relação humana está fundada em pressupostos, uma vez que não se pode ter conhecimento verdadeiro do que é ser (no sentido mais profundo da palavra) outra pessoa. Supõe-se que os outros vêem o mundo da mesma forma que nós, obedecendo as mesmas relações espaciais e sensoriais. Mas é impossível provar efetivamente essas suposições. Quando eu e meu colega Reggio Tartufo afirmamos que uma maçã é vermelha (deixemos de lado as maçãs verdes, por obséquio), nada garante que estejamos vendo a mesma cor; ele pode enxergá-la como sendo pigmentada com a cor que eu chamo de azul, mas dirá que ela é vermelha porque se convencionou que a cor da maçã (e de uma série de outras coisas) é o vermelho. Desde que nossas duas realidades dissonantes mantenham a mesma lógica (ou seja, tudo o que eu vejo “vermelho” ele vê “azul” e assim por diante), nós poderemos nos entender perfeitamente sem saber que habitamos universos díspares. Isso ocorre porque não há meios para que eu entenda como ele (ou qualquer outra pessoa) efetivamente percebe a realidade; quem sabe? Talvez ele nem perceba cores, ou relações espaciais, e simplesmente use essas palavras para se referir a categorias da percepção inteiramente desconhecidas para mim.

Huxley definiu bem esse sentimento da intransponibilidade das barreiras que existem entre os seres humanos em um trecho de seu livro “As Portas da Percepção” (cujo nome, aliás, advém da mesma frase do poeta inglês Willian Blake que inspirou Jim Morrison a nomear sua banda de “The Doors”): “Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós. (...) Como poderá o indivíduo, mentalmente são, sentir o que realmente sente o insano? Ou, salvo reencarnando como um sonhador, um médium ou um gênio musical, como poderíamos visitar os mundos que, para Blake, Swedenborg ou Johann Sebastian Bach eram seus lares?”

Diante desses pensamentos, que é o homem senão uma ilha, consciente de que existem outras ilhas perdidas na vastidão do oceano mas sem poder nunca vislumbrá-las? Ele poderá enviar mensageiros para as outras ilhas para tentar conhecê-las, mas esse conhecimento será sempre indireto e baseado em convenções como símbolos e linguagem – meras expressões de uma realidade que não pode ser sentida diretamente. É nesse sentido que todo indivíduo (como a própria palavra já diz, aliás) “sempre andará sozinho”: afinal, ele é uma ilha, um universo subjetivo particular e único. Por mais que esteja rodeada de outros indivíduos (cujo número – um, dez, mil – não importa), cada pessoa está confinada a seu mundo pessoal; só ela poderá suportar suas próprias dores, e só conseguirá sentir sua própria alegria.

Este argumento pode ainda ser levado ao extremo, ao se teorizar que o único indivíduo com existência independente sou Eu, uma vez que não posso nunca saber se as outras pessoas existem da mesma forma que Eu existo. Esta teoria é chamada de solipsismo; o modo como classifica o que os outros elementos da realidade são (sonhos, simulações de computador, produtos da imaginação do próprio indivíduo, etc.) determina suas variantes. O solipsismo é a negação total do lema do Liverpool – não só o indivíduo está eternamente sozinho, como também não há possibilidade alguma de estabelecer contato com um outro, uma vez que é a única entidade existente. É desnecessário dizer que esta é uma teoria extremamente controversa e que por sua própria natureza não pode ser provada; abster-me-ei de aprofundar-me em suas implicações, até porque eu seria um idiota se estivesse escrevendo para um bando de pessoas inexistentes.

Creio já ter digredido demais; espero não ter sido por demais enfadonho nessa viajada dissertação. Achei que seria interessante trazer ocasionalmente alguns questionamentos filosóficos aqui para o DCC, e vi a oportunidade de concretizar parte dessa esperança ao perceber a viabilidade do compartilhamento das reflexões em mim suscitadas por uma fonte deste próprio diário virtual. Em nosso próximo encontro, prometo abarcar um tema mais leviano (e quem até humorístico, atrevo-me a dizer). Aliás, RT, proponho-me a ser o escritor de Sexta, uma vez que já possuo uma idéia que se encaixaria nessa data.

(Em tempo: cabe ainda dizer que hoje foi a sensacional estréia [e último jogo oficial também, infelizmente] do imbatível Sedentários F. C. Foi um jogo marcado pela imensa superioridade técnica dos Sedentários, que demonstraram criatividade, coordenação e habilidade; no entanto, a arbitragem injusta, que limitou-se a expulsar apenas três dos malfeitores do outro time, acabou por causar nossa derrocada. Todos concordaram, porém, que nosso time foi o campeão moral da partida)

Um abração do

Salpicão

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Piada Internacional de Tráfego de Veículos Automotivos



Como SM não cumpriu com suas responsabilidades (hoje era seu dia de postar), estou eu aqui, tarde da noite, para não quebrar a regra de postar dia sim, dia não. Na realidade minha intenção era postar essa piada, vinda diretamente da Inglaterra, na 4ª feira, dia que caberia a mim postar e que se relacionaria muito mais com a imagem, do que hoje, por ser véspera de feriado, dia propício para que as estradas se entupam de carros.

Essa foto quem me enviou foi minha colega de realeza, a Rainha Elizabeth. No último feriado nacional, essa estranha cena foi presenciada pelos milhares de carro que saiam ou chegavam em Liverpool. Ao invés dos tradicionais alertas para pontos de congestionamento ou dicas para que evite-se acidentes, todos os letreiros luminosos exibiam essa mesma frase: "You will never walk alone!", com uma risada sarcástica no final, ainda por cima.
A priore não vou explicar a piada (porque ela é auto-explicativa e porque confio na vossa capacidade), apenas direi que trata-se de uma frase muito famosa, que é o lema presente na camisa do time de maior torcida da cidade, que inclusive leva seu nome.

Essa situação serve para ilustrar que não só o povo do Brasil é bem-humorado, outros também o são, e, na humildade, os conterrâneos dos Beatles tiveram uma ótima sacada.
EU
Abraços risonhos.
AMO
Tart.
A
ps: SM, agora favor postar somente na 4ªf.
SUA MÃE

sábado, 26 de abril de 2008

51ª Festa dos Esportes – uma ótima idéia

Beeem time!
Por pura sorte ou vontade do destino hoje é meu dia de postar e cá estou.
Ontem pela manhã, após a composição de uma dissertação e de assistir a um interessante filme sobre Hitler/2ª GM/Holocausto, teve início às 10:15 a 51ª Festa dos Esportes. Como vocês podem perceber o número, curiosamente, é um tanto quanto cabalístico. Tão logo foi pronunciado o número 51, sob o disfarce de “qüinquagésima primeira”, a mesma piada, de que 51 é uma boa idéia, foi feita nos quatro cantos do ginásio de esportes, inclusive por mim, ilustrando quão bem sucedida foi a propaganda da marca de bebida alcoólica em questão.
Essa FE, última dos terceiranistas de 2008 que forem aprovados ao término do ano letivo, foi, na minha modesta opinião, mais do que uma boa idéia, foi idéia ótima.
Além de promover a prática desportiva, que sempre traz valores importantes como o trabalho em equipe e o respeito ao próximo, ela é também um espaço concedido aos alunos para que estes se confraternizem e aproveitem, nesse caso específico, os últimos bons momentos de sua vida no Ensino Médio. Justamente por esse motivo é que, somado-se à felicidade pura originada do simples prazer por participar, essa festa esteve, para alguns, revestida de um precoce sentimento de saudade.
Não entrei nessa onda.
Acho que essa é uma vibe muito deprê. Busquemos, sempre analisar as coisas pelo lado positivo. Porque pensar que foi a última? Pensemos em quão boas foram as outras e essa mesma, em quanto nos divertimos.
Bom, mas com toda essa ladainha estou eu mesmo sendo um pouco chato e sentimental. Então, vamos aos fatos. Afinal, contra fatos não há boatos.
Em primeiro lugar, equipe vermelha (piada). Ia enumerar o que houve de bom, mas já que fiz tão brilhante piada vamos ao que interessa: os vencedores. Obviamente eu deveria dizer que não houve vencidos ou vencedores, mas a realidade é outra. Duas equipes ganharam medalhas e duas não, vermelho e verde, azul e laranja, respectivamente e nessa ordem.
Voltando, porque isso não interessa muito, afinal, quem estava presente, estava, e quem não estava não deve estar muito interessado nisso (e eu perco mais tempo me desculpando pelos meus desvios do que se simplesmente me desviasse, e estou perdendo tempo de novo, me desculpando por perder tempo com desculpas).
Então, a festa começou na sexta. Peraí, agora eu estava pensando, é uma boa idéia, não, é uma boa sacada do CSC chamar esse evento de FE. Todos os outros, e aqui entenda-se “ a maioria”, colégios chamam esses dias de prática intensa de desportes de Olimpíada ou similares, em CSC é diferente o próprio nome sugere aos participantes que aquilo não passa de uma grande brincadeira, de um momento de grande descontração e que, portanto, não devemos preocupar em vencer mas em competir e nos divertir.
Então, a festa começou na sexta. Houve a execução do hino nacional brasileiro e na seqüência uma abertura artística (ou ao contrário) realizada pelas colegas, a qual não cabe a mim julgar, ou em outras palavras: não quero dar minha opinião.
A primeira disputa começou, ou melhor, terminou mal, no fim do revezamento uma menina caiu e se estropiou toda. Mas tivemos também gratas surpresas, pelo time verde os destaques foram Alan e Dänae (não devo ter escrito corretamente), curiosamente ambos integrantes do 3ºB, que deram tudo de si e correram realmente bem. E pelo time vermelho, dois integrantes desacreditados também surpreenderam: Belezinha e Flávio.
Depois disso houve outras modalidades para desvendar a sua curiosidade basta realizar o seguinte simplório procedimento matemático: (hande+fute+basquete+vôlei) X bol. Dica: faça uma distributiva.
E ao final do primeiro dia, quando todos já estavam razoavelmente cansados e eu já tinha ido embora, houve uma disputa de voleibol entre alunos e professores, que eu vou me permitir não descrever simplesmente porque não possuo informações satisfatórias para fazê-lo. Creio que FAP, um dos integrantes, de um dos times de alunos, pode realizar tal descrição com muita propriedade via comentário (beeem citei FAP mais uma vez).
O dia seguinte iniciou-se com uma emocionante partida de beisebol adaptado e comigo numa monótona barraca do terceiro. No extenso período de trinta minutos, das 9:30 às 10:00, em que me propus a ajudar realizei a venda de apenas dois pedaços de bolo, o que dá um total de 3 reais para o caixa da formatura. Apesar da falta de emoção, não achei ruim, se estivesse trabalhando voluntariamente em períodos mais movimentados eu provavelmente teria mais atrapalhado do que ajudado. Posso afirmar isso porque confesso não ter estudado no dia anterior a tabela de preços e nem a localização geográfica da fonte dos insumos, algo essencial para quem estava localizado tão próximo ao mercado consumidor.
Depois do beisebol, modalidades diversas e uma bastante interessante oficina de circo. Oficina que estava bastante movimentada e que me propiciou a tentativa de aprendizado da arte dos malabares, segundo mestre Alan Ichilevici. Não me sai tão bem nesse esporte, apesar da minha persistência.
E por fim, uma apresentação de música precedeu a cerimônia de encerramento. Me sinto no dever de informar que tal apresentação dos dotes musicais foi comprometida pela má acústica do local em que se deu (ginásio) e também pela tentativa incessante de vender os produtos que ainda restavam ao final da festa. Alguma coisa conseguiu ser empurrada a certos compradores porém não foi um grande número, dados comprovam minha tese: o pedaço de bolo começou cotado a 1 real, já com um desconto de 50 centavos com relação ao seu preço original, e terminou sendo vendido a 10 centavos. Já as balas, pirulitos, salgadinhos acabaram sendo distribuídos gratuitamente, num momento mágico que eu só havia “vivenciado” em meus sonhos, onde chuvas de balas e doces caíam sobre mim. A cerimônia de encerramento, que encerrava (no sentido da prova de português – não sei se fiz uso correto do verbo, mas me pareceu uma boa piada) a premiação, foi emocionante, os nervos dos competidores à flor da pele para saber quem ganharia medalha, mas principalmente para saber quem seria o grande vencedor. E para fechar com chave de ouro, uma foto de todo o grupo do 3º ano de 2008, que também serviu para confirmar a minha crença de ter sentido pela primeira vez nesse ano tão especial, um sentimento igualmente especial, que muitos dirão ser falso e que por crer nele sou um tolo, ou um ingênuo.
O sentimento: Terceirooo, terceirooo!

PS: eu até pensei em reler o texto, a fim de revisá-lo, mas então percebi que era muito grande e que não teria saco para fazê-lo. Por isso, perdoem-me mais uma vez qualquer equívoco cometido e qualquer período, parágrafo ou texto incompreensível.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Momento historiológico

Hoje pretendo demonstrar como o preconceito e a discriminação estão na base da formação da cultura brasileira, por meio da análise sociológica cuidadosa da aparentemente inocente cantiga infantil “Teresinha de Jesus”. Vamos a ela (a obra original está em negrito, e os comentários em itálico).

Teresinha de Jesus

A cantiga já se inicia em tom de desdém para com as diversas fés; o eu lírico faz questão de caracterizar a personagem principal como católica fervorosa, mesmo que esta esteja inserida nesta terra de grande sincretismo religioso que é o Brasil

De uma queda foi ao chão

Acudiram três cavalheiros

Repare que se considera que Teresinha não está apta a levantar-se sozinha por ser mulher; tampouco pode ser acudida por outras mulheres. Vê-se apenas o homem viril e machista como capaz de ajudá-la – homens esses pertencentes à elite econômica e cultural, já que são “cavalheiros”. Claro, porque homem que pega na enxada o dia inteiro ao invés de ficar às moscas ajudando qualquer mulher que leve um tombo por aí não é valorizado nesse país.

Todos três chapéu na mão

Aqui podemos ver a exaltação do consumismo – a formação do caráter cavalheiresco não se dá pelas ações, mas pelo fato de se ter um produto que o caracterize (no caso, um chapéu)

O primeiro foi seu pai

O segundo seu irmão

O terceiro foi aquele a quem Teresa deu a mão

A mulher brasileira é caracterizada aqui como sendo promíscua e cega aos valores familiares – Teresa renega a sua família e dá a mão (metáfora do útero) a um estranho completo

Da laranja quero um gomo

Do limão quero um pedaço

A oposição entre substantivos quantitativos – “pedaço” costuma implicar uma porção maior do que um simples “gomo” – constrói a imagem do brasileiro como sendo um povo azedo e mesquinho, preferindo a acidez do limão à doçura da laranja. Há também uma crítica à agricultura brasileira, que usa e abusa de manipulações genéticas e transgênicos a ponto de produzir aberrações como laranjas com gomos

Da loirinha quero um beijo

Da morena um abraço

Estes versos demonstram um deslumbramento excessivo pelos valores estrangeiros, representados pela mulher loira e portanto característica da Europa e da América do Norte, em detrimento daquilo que é nacional. O brasileiro abre mão de sua própria cultura, preferindo estabelecer com ela um relacionamento difuso e passageiro (um “abraço”), para “beijar”, trazer para dentro de seu corpo a saliva da cultura estrangeira

Meus caros, compreendo a expressão de total espanto que deve dominar seus rostos nesse momento – sim, são esses os valores que são ensinados às novas gerações desde a mais tenra infância, arraigando-se em suas mentes disfarçados de simples cantiga, com sua musicalidade monótona e facilmente digerível ultrapassando as barreiras da consciência crítica em formação. Muito cuidado com tudo o que cantarem para seus filhos na hora de embalar o sono, especialmente propícia para a instalação de condicionamentos subconscientes – não me façam nem mencionar as ideologias racistas contidas em “Boi da cara preta” ou o estímulo ao consumo presente em “Mamãe eu quero mamar”.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Uma longa jornada

Enfim retornei.

Alguns de vocês já terão notado minha ausência da instituição de ensino hoje. Isso se deve ao fato de que ontem cheguei à minha residência em um horário por demais tardio, que, acrescido do tempo necessário à realização da manutenção de minhas atividades vitais (i.e. banho, jantar, etc.) deixava um tempo demasiado curto para o repouso. Isso me levou a desistir de comparecer ao liceu, uma vez que o sono me faria ter um aproveitamento próximo de zero.

Agora relatarei a cadeia de eventos que me levou a estar aqui, neste momento, escrevendo. É incrível a quantidade de ***** que pode acontecer em um único dia (ainda maior se levadas em conta as diversas catástrofes que pontuaram o feriado).

Saímos às dezessete horas. É importante ressaltar que eu estava descalço, uma vez que havia molhado meu único par de calçados ao pilotar uma bicicleta à beira-mar (não possuo chinelos de dedo pois repudia-me o seu uso). Na estrada, deparamo-nos quase que instantaneamente com um congestionamento massivo (afinal, porque aquelas malditas pessoas não foram embora antes? Será que elas estavam gostando da combinação praia+chuva?). Até aí, tudo bem; poupá-los-ei do relato das horas a fio passadas dentro de um automóvel cheio. A situação começou a se agravar quando uma das integrantes de nosso séquito (não se preocupe, Lu, não vou citar nomes) foi contactada por sua mãe, sendo informada de que esta não a buscaria na residência de nosso anfitrião quando da chegada à São Paulo. Após debater-se as possíveis soluções para esse empecilho, ficou definido que levaríamos o elemento em questão ao seu lar antes de prosseguirmos para o nosso destino final; afinal, a mãe de nosso anfitrião, munida da chave do apartamento, havia ficado presa na estrada, esperando a passagem do trem cuja ferrovia atravessava a via automobilística.

Ora, não ia ser tão demorado, afinal. Nós só íamos dar um pulo no Morumbi e voltar (e afinal, o que é meia cidade a percorrer, não é mesmo?). Ao embrenharmo-nos por escuras vielas, no entanto, nós, que estávamos repletos de necessidades fisiológicas aguardando a saída, descobrimos que não era bem no Morumbi o nosso destino, mas sim em um bairro remoto na divisa com Taboão da Serra.

Suprimirei deste relato pensamentos raivosos. Basta dizer que ao chegar e estacionar, reparamos que a chave não saía do contato; ao tentar dar nova partida, verificamos que havia ocorrido algum tipo de pane elétrica, e o carro recusava-se a sair do lugar.

Neste momento não aguentei, e, enquanto a seguradora era contactada, fui, descalço, ao banheiro da garagem do prédio, esforçando-me para esquecer a imundície do chão que meus pés tocavam enquanto eu me aliviava.

Quando tudo parecia perdido, o carro resolveu funcionar; enfim pudemos dar o pé daquele local longínquo, e ao cabo de outra hora (que incluiu uma parada na Vila Nova Conceição, onde fui buscado por meu responsável), estava em meu lar, cansado e frustrado. Praticamente sete horas de viagem, em suma.

Não consegui encontrar uma conclusão apropriada. Acredito, porém, que algumas coisas são melhores se deixadas inconclusas.

sábado, 19 de abril de 2008

Festa do Grêmio, piração total

Muito bem, muito bom, muito bem.
Como já é sabido, meu caro colega se mandou pro litoral e me deixou aqui no comando.
Essa grande responsabilidade inclui relatar-lhes a magnificência e esplendor, apesar da lotação, da festa de ontem. Ela foi, basicamente, magnífica, esplendorosa e lotada.
Me dou conta agora de que esse post será regado a Procurando Nemo (até agora sei que citá-lo-ei duas vezes). Primeiramente, a belíssima piada acima teve sua construção baseada numa cena dessa que foi a melhor animação já produzida. A cena em questão é aquela em que o protagonista chega ao aquário do consultório odontológico, depois de ter sido capturado por um humano (ah esses humanos), e lhe é perguntado como é a imensidão azul que é o mar, ao que ele responde que é azul e imenso.
Prosseguindo no meu relato, aproveito que vocês estão com o filme em mente para tentar ilustrar o horror que era tentar chegar à pista de dança. Quem foi se lembra, e não tão logo se esquecerá, tamanho foi o trauma. Porém, quem não foi, faça o simples exercício de buscar se lembrar de uma cena de Marlin (pai de Nemo, para os esclerosados) e Dori (favor não confundir com Dolly ou Dollyinho). A cena a que me refiro é quando eles se encontram cercados de temerosas medusas (pertencentes ao filo Cnidária) e Marlin propõe um jogo, uma corrida, cuja única regra era não tocar os tentáculos desses bichinhos, com o intuito de salvar sua amiga “ingênua”. Ontem, a situação era semelhante, a única diferença é que ninguém corria risco de vida (ou de morte), a menos que fosse pisoteado, o que era muito remoto que acontecesse. Para tentar chegar à pista, era necessário uma série de malabarismos (sintáticos), desvios (da norma culta) e flexibilizações (das regras), em suma, era preciso ser muuuuuito malandro.
Gostaria, antes de prosseguir, de fazer um parêntese. Optei por iniciar essa dissertação dialética pelos aspectos negativos da noitada, para que no final vocês fiquem com o gostinho bom e não o ruim. Afinal, dedicarei um único parágrafo para coisas boas. Mas não que eu não tenha gostado da noite, longe disso.
Outro aspecto negativo que eu, como defensor da justiça, deveria citar é a atitude vampiresca por parte de algumas pessoas. Eu não pretendo entrar em maiores detalhes, nem descritivos, nem informativos, para não expor, nem constranger ninguém (e nem virar TF – TV Fama).
Aproveito a oportunidade também, para fazer um protesto à inconseqüência. Devíamos fazer de tudo para mandá-la de volta para a caixa de Pandora (temo estar fazendo uma referência mitológica grega equivocada). O pessoal exagerou e começou a botar para fora sentimentos acumulados e outras coisas mais, provenientes de uma região corpórea abaixo do coração. Ah, só pra finalizar esse tópico, teve até gente dizendo que era um peixe, esse certo alguém vai se realizar por ter ganhado menção nesse espaço, mas quero deixar bem claro que não acreditei nessa viagem.
E última coisa ruim a ser ressaltada é que um ínfimo grupo de revolucionários tentou instaurar o comunismo e promover a reforma agrária. Eles me acusaram de reacionário e de colocar meus interesses pessoais acima dos de caráter público, o que é verdade. Ainda assim, quem eles pensão que são? Eles não têm o direito de falar assim comigo. Mas Deus é justo (segundo FAP – a partir de agora vou fazer o possível para sempre citar FAP, afinal, já virou um costume), e eles não obtiveram sucesso. Foram derrotados pelo exército mercenário do rei (Eu).
Tirando tudo, houve muita curtição também, por exemplo a presença de Eneidá, Eneidá, na festa. É bem verdade que ela não apareceu para nós fisicamente, mas nós pudemos não só sentir a sua alma, o seu espírito, bem como pudemos ouvir a sua ronquidão (palavra que existe, mas que não é bem a que eu procurava – chequem o dicionário) quando colamos a orelha junto a um copo e esse, por sua vez, a uma parede. Agora, analisando friamente as pistas, acho que ela estava dorm... zzzzz zzz z

ps: um sentimento me assola, de que o texto não ficou muito coeso. Confere essa minha impressão? Achei que pela necessidade de descrever muitas coisas, elas não ficaram muito (bem) relacionadas.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Três em um

Uma data especial

A equipe do Divagações de uma Confraria Culinária gostaria de parabenizar o estimadíssimo colega Bruno Guide, em virtude de hoje ser a data em que o supracitado companheiro completa nova volta ao redor do astro-rei à bordo desta esfera celeste chamada Terra (hoje é seu aniversário, em suma)! Desejamos que este luminar de grande projeção no atual cenário intelectual possa continuar desenvolvendo suas célebres contribuições em prol da humanidade, cujo extenso rol inclui a disseminação gratuita de violência baseada no avistamento de fuscas e a elaboração de doutíssimas teses, como a "Teoria do Pau Mágico".


Uma pequena parábola

Era uma vez um reino distante, cujo rei queria saber qual dentre seus súditos era o mais habilidoso artesão. Para tal, convocou todos os habitantes do reino a seu palácio, e deu a cada um deles uma caixa de madeira.

- Dentro dessa caixa vocês encontrarão um bloco de argila – disse o rei – Vão, e me tragam, dentro de sete dias, a coisa mais esplêndida que forem capazes de fazer com isso. Aquele que me trouxer o objeto mais incrível ganhará metade do meu reino.

No prazo estipulado, o rei constatou (não muito surpreso, porém) que apenas três cidadãos haviam comparecido. O rei ordenou que os candidatos se enfileirassem com suas obras diante deles, e começou a percorrer a fila, avaliando cada um individualmente.

O primeiro candidato apresentou o bloco de argila intacto, tal qual ele o havia recebido. Surpreso, o rei indagou o motivo daquilo.

- Majestade, tão logo deste meu objetivo, fui para casa colocar no papel as idéias que fervilhavam em minha mente. Fiz diagramas, plantas, cálculos, esquemas... mas... mas... percebi que não conseguiria esculpir perfeitamente, que nunca poderia seguir corretamente os meus planos... e portanto nem comecei.

O rei suspirou, e disse:

- Meu filho, você reside completamente no reino do planejamento... e planejamento sem prática não leva a nada.

O próximo candidato estava diante de uma massa amorfa de argila, retorcida aleatoriamente; parecia que alguém tentara fazer alguma coisa com aquilo, mas o resultado era caótico. Quando indagado sobre o que era aquilo, o homem respondeu:

- Meu rei, quando recebi vossa tarefa, corri para casa, ávido para começar a trabalhar. Todo dia eu tentava fazer alguma coisa com a argila, mas nunca deu certo, e o resultado é este.

Com um suspiro, o rei disse:

- Meu súdito, você é o oposto do outro: tudo o que conhece é a prática, e ação sem planejamento não leva a nada.

Prosseguindo em direção ao terceiro candidato, o rei ficou surpreso ao deparar-se com uma esplêndida escultura de um orgulhoso cavaleiro em seu corcel majestoso, perfeita em todos os aspectos.

- Sua obra é impressionante, meu caro. Mas como conseguiu realizar algo tão grandioso com o pouco barro que lhe foi dado?

- Não fui eu que fiz; eu comprei na feira de artesanato da cidade vizinha.

Assim, o terceiro candidato ganhou metade do reino e todos viveram felizes para sempre (com a exceção dos outros dois candidatos, que acabaram se afundando no perigoso mundo do álcool e morrendo de cirrose).


Moral da história: Na vida, assim como numa parábola com estrutura de conto de fadas e moral de fábula que começou séria e acabou indo para o escambau, quem vence são sempre os freqüentadores de feiras de artesanato.


Nova Despedida

Mais uma vez venho aqui declarar uma ausência prolongada em virtude de jornada para o litoral. Espero que desta vez tudo transcorra sem que eu seja assolado por males de caráter médico e acidental, e que meu estimado colega possa trazer-vos, em minha ausência, um relato (gêrnero literário para o qual ele já demonstrou excepcional habilidade ao enumerar os pontos altos do notável acantonamento) da festividade que freqüentaremos amanhã.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Algo replicado (segundo FAP)

Hoje faremos algo inédito na história deste diário virtual: abriremos um espaço para um colaborador externo. E tal colaborador é ninguém mais ninguém menos do que nosso amigo FAP, como vocês já devem estar imaginando.
Não me perguntem o quê ele quis dizer com este texto, porque eu sinceramente não sei. Para os perdidos, ele foi redigido em resposta à esta obra.
Então, sem mais delongas, aí vai a comovente história de uma zebrinha chamada Manjado, que, salvo pequenas correções de minha parte, é uma cópia ipsis literis da obra original.
(P.S.: Parece que, ao copiar o texto do arquivo a mim enviado por FAP, a formatação ficou meio bichada. Rogo para que isso não comprometa a leitura.)


Essa é uma réplica. Essa também é uma pequena história. E, de todas as histórias já feitas, talvez esta seja a primeira a ter como personagem principal uma zebrinha, que, até a sua adolescência, achava que era uma mula.

Essa história – cuja extensão eu já mencionei (é pequena) – começa depois da adolescência da protagonista. Aliás, começa quando ela já está bem velhinha, apenas com uma única perna, que, como já dá para imaginar, é inútil sem as outras três. Vamos ao que interessa.

Manjado – nome este que induz à falsa dedução de que ela é macho – era uma zebrinha, que, mesmo com todas as suas debilidades físicas, era bem sapeca. Como não podia se mover, ela, há mais de 40 anos, se estabelecera embaixo de uma mangueira em uma savana no sul de Angola. Quem não acreditar, pode ir lá checar. Para aqueles que não querem ter esse trabalho, eu retomo a história no parágrafo seguinte.

Manjado não tinha amigos. Sabia inúmeras piadas, mas não tinha com quem compartilhá-las. Sabia, também, dançar Foxtrot, mas, pela falta das pernas – e também de espectadores -, não tinha como mostrar. Caçadores passavam e riam de sua situação; até a morte – que com ela flertava já havia um bom tempo – parecia ignorá-la.

Como a vida de Manjado era completamente sem graça e, até agora, estou fazendo o máximo para torná-la minimamente interessante, vou pular logo para o episódio de meu interesse: o dia em que dois suricatos, um malaco e outro malandrinho, apareceram na mangueira da zebrinha.

Obviamente, nenhum dos dois ousou falar com Manjado, mas, mesmo assim (não que a zebra manca pudesse lhes proporcionar alguma diversão), pareciam se divertir muito com o que faziam. Além de malabarismos com mamonas, os suricatos cochichavam um com o outro. Manjado ficou atenta e conseguiu ouvir o que eles diziam: planejavam fazer uma história. História sem muita graça, diga-se de passagem. De tão sem graça que era a história, a zebra ficou zangadíssima e começou a pensar por quê que ela, inteligente, humorada, sagaz e vivida, não tinha com quem compartilhar os seus pensamentos. Então, sem hesitar, aproximou-se (não me pergunte como; só sei que foi assim) dos dois bichinhos malacos-malandros-felizes e disse:

- Oi...

Assustados, eles olharam e logo saíram correndo. E a zebrinha, infeliz, piscou para a morte e derreteu.


Obrigado pelo espaço concedido para esta réplica. Sem mais, FAP

terça-feira, 15 de abril de 2008

Algo genial (segundo FAP)

Sem querer ser humilde ao extremo, quero alertá-los que o texto que vem a seguir é um pastoso, ainda quente e marrom pedaço de merda (perdão pelo palavreado xulo ou chulo). Porém, eu creio, sinceramente, que tamanha é a ruindade que ele possui um certo humor.
Além disso, amanhã completaria uma semana inteira sem postar, não queria chegar a essa marca negativa.

Último Deus
Era uma vez um menino.
Ele nasceu no Recife.
Pegou Tuberculose.
Achou que ia morrer.
Mas,
Certo dia, sentou sobre 4 mesas
(Achou que era um pedestal)
Imaginou que era Deus
e enlouqueceu.
Reggio Tartufo

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Manifesto do queijo quente

Caros confrades, pela primeira vez venho lhes trazer uma notícia de verdadeiro caráter culinário.
Por trás das cenas começa a ser discutida uma alternativa para o serviço caro, ineficiente e pouco higiênico da cantina de nosso colégio. No melhor estilo Coopamare (cooperativa de catadores de material reciclável com a qual eu e Reggio Tartufo tivemos o imenso prazer de entrar em contato durante nosso [infelizmente] breve estágio de Ética e Cidadania [a falsidade é uma coisa linda... {deixarei esse comentário aberto a interpretações}]), tal proposta configura-se no formato de cooperativa - a Cooperativa do Queijo Quente.
A idéia é simples: os interessados em vincular-se à cooperativa deverão fornecer a matéria prima (pão, frios, etc...) para a confecção do produto final, e esporadicamente serão recrutados como mão de obra voluntária. A cada cooperado (nome dado à quem participa de uma cooperativa, para os leigos) será atribuída uma cota de queijos quentes proporcional à quantidade de matéria prima contribuída, possibilitando uma alimentação barata e rápida nos intervalos. Em um primeiro momento, o serviço provavelmente atenderá uma clientela diminuta; à medida em que a idéia se difundir (talvez contando com a cooperação do grêmio estudantil), fazendo crescer o número de cooperados, a idéia é otimizar a eficiência do atendimento e expandir o campo de atuação da cooperativa, passando a englobar diversas outras variedades alimentícias (nota mental: contratar Ulysses para administrar as fontes dos insumos e a exploração dos crátons)
Atendendo a pedidos dos organizadores, redigi uma carta destinada à administração do colégio, apresentando a proposta; tal documento está ainda em fase inicial de elaboração, e provavelmente sofrerá algumas alterações antes de ser devidamente entregue.
Aguarde; à medida em que novas notícias forem surgindo sobre essa ousada empreitada, você irá conferi-las com exclusividade aqui no DCC.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Tutorial aos iniciantes

Percebendo a recente leva de novos visitantes e antevendo a visita de nosso respeitável tutor de literatura, resolvi reunir algumas informações úteis aqui.

Em primeiro lugar, gostaria de sugerir que os novos visitantes iniciassem sua leitura pelo seguinte texto:
(Clique aqui)
Ele explica o porquê do nome "Confraria Culinária" e permite um vislumbre das idéias que levaram à sua criação.

Em segundo lugar, gostaria de fazer um apelo aos visitantes para que comentem, deixando assim registradas suas opiniões e críticas construtivas quanto aos trabalhos aqui expostos. Para tal, basta clicar nas palavras "X comentários" (onde X pode ser qualquer número natural), abrindo assim uma janela com os comentários feitos por outros visitantes e um espaço para digitar seu próprio comentário. Abaixo deste espaço deve ser selecionada uma identidade - aqueles que não possuirem uma conta do Google deveram selecionar "Nome/URL" (que permite ao visitante escolher o nome que aparecerá vinculado ao seu comentário) ou "Anônimo" (nós, os autores, preferiríamos que esta opção não fosse utilizada); para completar o processo, basta clicar em "Publicar comentário".
Se houver quaisquer dúvidas que hajam perdurado além da leitura deste guia, por favor não hesite em pedir esclarecimentos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Algo manjado (segundo FAP)

Legenda:
Salpicão Mesquinho
Reggio Tartufo

Certo dia, Denes caminhava alegremente pelo bosque. Porém, ao deparar-se com uma legião romana, ele resolveu dar no pé.

Estava naquela correria quando do nada surgiu a Legião Estrangeira. Eles haviam sido enviados por Napoleão V para conquistar o Zimbábue, porém haviam se perdido no caminho.
Como eles livraram Denes de seus perseguidores, ele se ofereceu para levá-los para a casa de pão de mel de uma bruxa amiga sua.
Os legionários, famintos, aceitaram a oferta, por mais que soubessem o perigo que aquele ser demoníaco (a bruxa) podia oferecer.

Então, tomaram seu caminho na estrada de tijolos amarelos. Mal haviam partido, porém, chegaram numa ponte que era controlada por um senhor feudal esloveno. Este exigia dois quilos de bananas como pedágio; assim, a trupe partiu em busca das bananas.

Caminharam durante dias e dias até que chegaram no Cantinho das Bananeiras. Mas, ao chegar, que decepção, as bananas mágicas haviam sido furtadas.

Denes conhecia um templo maçom que havia na região, e sugeriu que eles fossem lá aconselhar-se. Entretanto todos já estavam fartos da liderança e por isso a legião amotinou-se.

Foi nesse momento que chegou o tão sábio, pacifista, humanista, naturalista, calculista e humilde Reggio Tartufo, para acalmar os ânimos e dispersar aquela multidão de insatisfeitos.

Porém, RT havia se esquecido de que era comestível, e dentro de poucos segundos seus fragmentos, dispersos por uma multidão de estômagos, começaram a ser digeridos.
Diante daquele assassinato terrível, um justiceiro mascarado surgiu para vingar os fracos e oprimidos.


Seu nome: Salpicão Mesquinho, que antes, sempre no papel de vilão, virou a casaca, pois percebeu que o bem sempre vence o mal. Veio vingar seu colega, amigo, brother, companheiro, comparsa e, acima de tudo, truta.

Mas, nesse momento todos perceberam como a guerra era irracional e se uniram para fazer uma ONG para salvar a Mata Atlântica.

FIM

domingo, 6 de abril de 2008

Algo diferente


(Clique na imagem para ampliar)

Aos que se indagarem sobre a ausência do RT, saibam que essa obra gráfica data de uma época anterior à criação deste diário virtual e da alcunha de meu companheiro.


sábado, 5 de abril de 2008

O fim do começo

Meninos e meninas, adultos e adultas, velhos e velhas,

É com muito prazer que venho aqui relatar a continuação e o desgostoso fim, por hora, da empreitada futebolística do time Os Preguiças. Tal narração teve início no último dia 25, como vocês podem conferir aqui mesmo, e hoje será arrematada.
Como é sabido, esse time, ao qual faço parte, obteve maior sorte, naquele mesmo 25 de março, no confronto direto com o time do meu colega de publicações. Tendo alcançado o resultado favorável, asseguramos o direito de permanecer na luta pelo título, e tivemos a próxima batalha agendada para o dia de hoje, 05 de abril. O adversário, um dos mais temidos por todos: o corpo docente e os funcionários do colégio em questão.
Apesar de estarmos cientes da qualidade alheia, mantínhamos a esperança de uma exibição exemplar e de sair do campo de batalha saboreando mais uma vitória, o que seria mais um passo rumo ao inédito campeonato.
Ainda que estivéssemos esperançosos, tínhamos de ser realistas. Eram três as nossas baixas: Power, Belezinha, Flavião (tem que ter alguém sem apelido né?!), com isso éramos apenas dez contra onze incontáveis adversários. Nossa vida não seria fácil e a luta seria sangrenta até o soar do gongo.
Então o jogo teve início, sofremos pressão, nos defendemos, nos seguramos, nos retrancamos, canalizamos o jogo. Em vão. O destino já estava traçado e na segunda metade do tempo de jogo, um lançamento estelar passa na velocidade da luz sobre as cabeças de nossos zagueiros e cai meteoricamente nos pés do atacante adversário que chuta a bola como um cometa para estufar a nossa rede.
Ainda procuramos ao menos equiparar o placar, o que não nos levaria adiante em virtude da adoção de um esdrúxulo sistema de desempate que consiste em analisar qual equipa obteve maior número de tiros de canto, mas nos elevaria a moral. Não foi possível. Saímos de campo derrotados, porém de cabeça erguida e com a certeza de que havíamos perdido a batalha, mas não a guerra, porque a roda da vida gira, e gira, e gira.

Um colossal abraço,

Reggio Tartufo.

ps: Estou ciente de que especialmente o primeiro período do último parágrafo está extremamente mal pontuado, entretanto, não consegui pensar qual seria a melhor maneira de fazê-lo. Então, se alguém quiser pontuá-lo, quer seja o João, editando minha publicação, quer seja outrem, via comentário, fique a vontade (tem crase?).

ps2: Uma pequena nota de luto. O grandioso e tradicional time carioca América-RJ, apesar de ter vencido hoje no período vespertino, acabou rebaixado para a segunda divisão do campeonato estadual fluminense.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Cigarra e a Formiga, ou melhor, A Orgânica e a Iupac

Contextualização: 1º de abril de 2008. Aula de Química.
Na ocasião dessa aula, a professora Mitiko perguntou a determinado aluno, então recém chegado de intercâmbio na Suíça, se ele havia visto Orgânica. Ele não compreendeu o que dissera sua professora e perguntou espantado: "Quem?". Em virtude desse mal entendido a a classe inteira desatou a rir.


" Caro estudante,

Estou escrevendo essa carta para me desculpar pela minha ausência nesses últimos meses. Chegou ao meu conhecimento que, na sua volta ao Brasil, você pôde, finalmente, se dar conta de que não pudemos nos conhecer durante seu período no estrangeiro.
Posso garantir a você que não foi má vontade minha, desejei imensamente poder finalmente conhecê-lo e claro, de quebra, fazer um tour pela Suíça. Sabe como é, comprar uns chocolate, uns reloginho. Infelizmente isso não foi possível.
Até metade, final de março, eu estive enclausurada numa sala fechada a sete chaves, reunida com a Iupac. A porta dessa sala era vigiada dia e noite, noite e dia, pelos maiores hidrocarbonetos que eu já vi em toda a minha existência. Eles nos fizeram reféns quando passeávamos calmamente pelas ruas de Novo Aripuanã numa viagem de lazer e não nos permitiram deixar aquele recinto por um instante sequer durante tão extenso período de tempo. Para reconquistar nossa liberdade deveríamos, antes, cumprir a árdua tarefa de redefinir todas as regras de nomenclatura para eles e seus colegas: cetonas, aldeídos, ácidos carboxílicos, ésteres, fenóis, álcoois.
Foi uma experiência terrível, trabalhar sob tamanha pressão, e medo constante. Não desejo isso para o meu pior inimigo, nem para a Inorgânica.
Creio que a situação foi suficientemente grave e que você relevará minha falta.

Afetuosamente,

Sua Orgânica."


ps: Uma homenagem à professora Mitiko, fonte de inspiração e profunda admiradora da IUPAC.