segunda-feira, 12 de maio de 2008

Teoria conspiratória

Às vezes eu penso que certos elementos de nosso cotidiano que nós consideramos perfeitamente óbvios e naturais simplesmente não são possíveis. Como é possível que em um lugar onde só existia mato exista hoje uma cidade – algo tão inverso do que havia antes, tão anti-natural, com suas diversas partes fabricadas, uma colcha de retalhos de elementos que diferem de forma tão gritante do mundo natural que nos gerou? Afinal, como é possível que um grupo de homens (é claro que não foram os MESMOS homens que fizeram tudo, mas mesmo assim...) derrube árvores, planifique um terreno e, no lugar, construa algo tão surreal como caminhos de asfalto por onde passam carros, casas, e tudo o mais – restando ao final lugares de onde tudo o que se avista ao redor é uma imensidão de concreto que nos faz esquecer do mundo no qual ela foi construída?

Ou como é possível que exista algo como um computador – uma maquininha cheia de minúsculas partes de metal que, na verdade, fazem cálculos mais rapidamente do que um ser humano, guardam e reproduzem com exatidão um número absurdo de informações e reagem às ações das pessoas – você aperta uma tecla e aparece uma letra no espaço intangível da tela! – além de permitir que elas se comuniquem de pontos distintos do globo? Quer dizer, como uma coisa dessas pode surgir menos de um século depois de uma época na qual as pessoas achavam genial uma máquina na qual o vapor fazia umas rodinhas se mexerem? Conta outra!

Tudo isso me faz acreditar (será?) em idéias que não são exatamente novas, mas que ganham novos desdobramentos e justificativas mediante os argumentos que acabei de expor: que esse mundo foi criado tal qual ele é há não muito tempo por alguma entidade muito poderosa – chame-a de Deus, alienígenas ou alguma outra coisa do gênero. Os motivos dessa entidade são obscuros, mas uma coisa é certa: à maneira do Deus brincalhão teorizado pelos cientistas Cristãos do século XIX, que alegavam que os fósseis não eram antigas formas de vida que provariam a teoria da evolução, mas sim falsificações deixadas por Deus para confundir e testar a fé de Seu povo, esta entidade criou toda uma mitologia para justificar o mundo que criou, vendendo-a como uma História crível. Ao que parece, esta entidade criadora não é dotada de um intelecto perfeito, pois não foi possível criar uma História que pudesse parecer autêntica em toda a sua extensão – na necessidade de encurtar períodos de avanços tecnológicos, acaba havendo certas incoerências, como o surgimento dos computadores ou dos aviões (e toda a infraestrutura subjacente), que nos permitem fazer em cerca de dez horas uma viagem que há algumas décadas demorava dois meses.

Não é possível saber quando a humanidade foi colocada neste mundo (teorizo que tenha sido em algum momento entre as últimas três décadas), já povoado por cidades, carros, lares, livros de História e organizações sociais pré-fabricadas; o raciocínio óbvio, porém, é que as primeiras gerações foram criadas com falsas lembranças de um passado inexistente (à lá “Cidade das Sombras”), dando o pontapé inicial para um mundo calcado na mentira.

“Um mundo”? Na verdade, nem podemos ter certeza de que o mundo inteiro realmente exista. Talvez só o Brasil realmente exista por completo (talvez nem ele, só suas cidades principais e outros pontos de interesse turístico); os lugares que a maioria das pessoas nunca teria interesse em conhecer (como os vilarejos agrícolas do Uzbequistão ou certos golfos da costa da Sibéria) seriam inteiramente ficcionais, e outros lugares não seriam exatamente como eles nos aparecem nos mapas. A França, por exemplo, pode muito bem ser uma ilha a algumas milhas da costa brasileira; quando os aviões partem para a França, ficam dando voltas sobre o oceano para criar a ilusão de distância e depois pousam sobre esse país tão próximo. Volta e meia nossos amigos (que com certeza conspiram com a OCM – Organização que Controla o Mundo – sendo contratados por ela para nos enganar) partem para “viagens” para lugares exóticos, voltando com fotos dos tais lugares (que com certeza foram fabricadas por computador para nos dar a ilusão de um mundo vasto e diverso).

Talvez só exista uma pequena sociedade de pessoas alheias à Grande Verdade sobre o Mundo; talvez seja um único indivíduo (repare, caríssimo leitor, que, ao contrário de minhas divagações precedentes, nas quais incorri na teoria do solipsismo, dessa vez não disse que esse indivíduo sou eu – pense nisso). Mas não seguirei essa linha de raciocínio para que meu texto não se assemelhe ainda mais a obras audiovisuais como “O Show de Truman” e a já citada “Cidade das Sombras”.

E tenho dito.

3 comentários:

Anônimo disse...

ou não.

Reggio Tartufo disse...

ou não 2.
Na humildade esse texto foi meio fraco. Faço esse julgamento baseado em se outro texto de caráter filosófico, o do solipsismo ou o algo assim. Espero que não se ofenda. Amanhã posto eu, sem muitas idéias. Fui.

ps: dlmxzat

Anônimo disse...

fico surpreso que FAP ainda nao tenha dito que esse texto é manjado