sexta-feira, 20 de junho de 2008

Um Jogo

Digamos que um certo amigo seu se aproxima e lhe entrega um pequeno objeto - digamos que seja um pedaço de giz. Este giz possui uma pequena marca; um quadrado ou uma cruz ou qualquer outra coisa, tanto faz.

Seu amigo lhe diz que essa é a metade de um giz, e que só existe um pedaço de giz que se encaixa perfeitamente no seu. Este outro fragmento possui a mesma marca, e é seu objetivo encontrar a pessoa a quem lhe foi confiada a guarda. Estão lançados os alicerces de um jogo imenso e assustador, um jogo cujo nome é Vida.

Em primeiro lugar você interrogará aquelas pessoas que forem amigos comuns entre você e o inventor do jogo. Algumas pessoas, agraciadas com uma sorte incomum, conseguirão cumprir o objetivo do jogo nesta primeira etapa da busca. Esta, porém, é a excessão, e não a regra. É, afinal, extremamente fácil legar a posse do giz a um (confuso) estranho, e igualmente fácil enviá-lo a um conhecido distante, talvez até mesmo residente em outro país. Caso você não desista do jogo, passará o resto da sua vida interpelando as mais diversas pessoas sobre o giz, geralmente obtendo olhares de estranhamento como resposta. É possível que você nunca encontre o possessor da outra metade; é possível que o encontre, mas este recuse-se a revelar sua identidade, ou tenha desistido do jogo há muitos anos e jogado fora seu pedaço do giz. Talvez você encontre alguém com um giz que tenha o mesmo símbolo, mas descobrirá que os fragmentos são apenas terços ou sextos de um giz maior do que o imaginado; talvez sejam realmente apenas metades, mas o tempo terá desgastado suas formas até torná-las incompatíveis. Talvez o jogo e a outra metade do giz nem mesmo existam, e sejam apenas uma peça; muitas vezes, pensando nisso, você desistirá, ou será dominado por uma angústia que o levará ao ponto da desistência.

Ao longo de sua vida, você perderá o contato com o inventor do jogo, mas continuará agindo de acordo com as marcas que ele deixou em sua existência; ao se encontrarem por acaso, anos mais tarde, ele nem se lembrará mais do jogo. Você se perguntará se ele foi mesmo seu inventor, e imaginará que existem umas poucas - ou muitas - outras pessoas com pedaços de giz semelhantes, cada uma procurando por um símbolo idêntico ao seu.

Inspirado por uma pessoa que aniversariou ontém, e a ela dedicado.

9 comentários:

Reggio Tartufo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Reggio Tartufo disse...

Essa pessoa, por acaso, é Guilherme d'Almeida? Ou esta é apenas uma grande coincidência?
Meus parabéns públicos aos 2, ou apenas 1.
E minha avaliação de que se trata de um texto deveras profundo, que realmente tocou minh'alma.

Adiós.

ps: não tenho nada contra coméias-românticas como forma de entretenimento barato, barato no sentido de xulo e não no que diz respeito ao custo, se bem que fui ver o filme de graça, graças (é quase uma rima rica) a uma antiga promoção de um posto de derivado de petróleo.

ps2: perdão pelo ps1 extenso e confuso.

ps3: antes que gere curiosidade em algm, o comment apagado era meu mesmo.

Salpicão Mesquinho disse...

Você adivinhou corretamente a identidade do felizardo.

Anônimo disse...

Qualé a do plano de fundo do site?

Anônimo disse...

eu já não tinha lido isso em algum lugar?

Reggio Tartufo disse...

eu não tinha.

Anônimo disse...

caro tchubas,foi uma piada que somente o joao poderia entender...

Salpicão Mesquinho disse...

Caro Shaka: é um dos planos de fundo padrão do blogger; no caso, este é o que foi escolhido pelo colega Tchubas quando da criação deste endereço eletrônico.

Caro Flávio: não entendi a piada.

Reggio Tartufo disse...

ié! ou yeah! sei lá qual a interjeição correta.

ps: puuuohb