- O que é o seu desenho, Pedrinho?
- É o Sol, professora.
- Que lindo Sol, Pedrinho! E o seu, Renata?
- É a minha mamãe...
- Puxa, que lindos os cabelos verdes da mamãe! Vejamos o seu, Roberto... nossa, quantas cores! O que é isso?
- É uma composição abstrata com tendências cubistas que representa a complexa inter-subjetividade humana, que molda dinamicamente as sociedades e os indivíduos de acordo com um Ethos cambiante dirigido por valores em constante transformação.
- Que gracinha, Roberto! Está muito legal, mas que tal você desenhar a sua família ou o seu animalzinho de estimação?
- Tola, mil vezes tola! “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”, disse Salomão. A disposição de pigmentos em um papel jamais poderia encapsular a essência objetiva da realidade; o Homem é um triste animal cego, tropeçando pelo mundo e tentando em vão defini-lo, encontrar um lugar, prender em seus livros e em sua moral e em seus costumes a matéria fugidia e elusiva que compõe a existência. Para quê curvar-se à ilusão de que é possível capturar a serpente esguia, criar uma ilha de racionalidade em meio ao caos? Do pó viemos e ao pó voltaremos, e tudo o que se passa nesse interregno são meras mudanças de estado físico! Adeus, corja de paralíticos presunçosos! Prossigam sem mim na doce ilusão de viver no inferno o paraíso!
- Crianças, o papai e a mamãe não precisam ficar sabendo que o amiguinho se jogou pela janela, combinado? Agora, quem quer ser o próximo a mostrar o desenho?
3 comentários:
Nao sei se é pra rir ou pra chorar.
Pergunte ao Nietzsche meu caro amigo aquático.
beleza, vo aproveitar que estou aqui em sua terra natal e vo la perguntar pra ele...
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