Ao contrário do que muitos pensam, os kanji (ideogramas japoneses) não foram criados pelo povo do Japão. Tais símbolos são elementos da natureza: cada folha de cerejeira contém um ideograma. O que os japoneses fizeram foi simplesmente copiar e aprender a interpretar estas combinações naturais de traços e linhas.
Quando o vento sopra e balança a copa das árvores, as folhas que se desprendem dos ramos rodopiam pelo ar e pousam na superfície cristalina dos rios e lagos. Lá, os vários ideogramas se juntam ao acaso, soletrando idéias, poemas, narrativas; aqueles que sabem ler reunem-se nas margens dos lagos e lá vislumbram canções épicas e histórias de tempos passados, além de supostas profecias e presságios. Na literatura japonesa, não há a concepção de autoria; não há escritores, apenas escribas - homens que se dedicam a copiar os versos compostos pelo flutuar das folhas de cerejeira.
Esta é uma escrita fluida e efêmera; com o balanço das águas, as pétalas se recombinam infinitamente, gerando um número também infinito de escrituras; com sua dinâmica caótica e imprevisível, a água é reverenciada pelos japoneses como o maior contador de histórias do mundo.
O título é uma referência ao modo como as matérias da USP são nomeadas
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
essa sim é uma Biblioteca de Babel.
Postar um comentário